
Para já, deixe-me esclarecer que o modelo Audi R10 não foi construído para ser um modelo Racing, e por isso encaramos com naturalidade as deficiências que encontramos para preparar o modelo. Por quê o Audi R10 ? Por ter tido melhores prestações

Recomendo sempre que leiam com atenção os regulamentos para conhecerem até onde poderíamos chegar. Começaremos pela conjunto motor/eixo traseiro. Este ponto é o mais crítico de todos, pois nos modelos SCX 'tradicional' a distância entre o berço do motor e o eixo traseiro é maior do que as medidas standard. Nos berços SCX 'tradicional' a distância é 11,65mm e no berço 'standard' é 8,33.

Apesar do regulamento permitir motores até 28.000 RPM, ficamos limitados a escolha do motor, não só pela qualidade, mais também pelo tamanho de seu eixo. Temos motores de vários tipos e fabricantes, mas para esta competição, e com as restrições do modelo, optamos pelo Slot.it 25.000. A única forma segura de fixar o motor no berço é mesmo com cola, pois o suporte que a Slot.it disponibiliza para os carros SCX não ficam bem.

Diferença do eixo entre os motores SCX, standard caixa curta e caixa longa.
O regulamento deixa livre a escolha da relação, mesmo assim estamos limitados ao diâmetro, pois o espaço do chassi onde fica a cremalheira não nos permitir utiliza-las com diâmetro superiores a 14,65mm. Conhecendo a pista do AE-Slot Club, a relação mais próxima que encontrei para estas condições foi 9x26, pois as cremalheiras disponíveis com mais dentes eram maiores, e não encaixavam no chassi.

Berço Standard - o Eixo do motor chega ao 'centro' cremalheira

Berço SCX- o Eixo do motor não alcança o 'centro' cremalheira
Mesmo assim, neste motor tivemos que colocar o pinhão no limite do eixo do motor, caso contrário, o pinhão não atacaria a cremalheira. Assim, com eixo do motor a não encaixar na cremalheira, foi necessário a utilização de espaçadores para evitar o movimento lateral do eixo.

Outro factor que tivemos que adaptar foi a basculação da carroçaria. Os modelos actuais da SCX possuem um encaixe do berço do motor ao chassi que permite algum jogo lateral, mas apenas no eixo, não sendo suficiente para curvarmos com eficiência. Para bascular, tivemos que colar o berço ao chassi para evitar este movimento. Só assim, e com a eliminação dos parafusos laterais, foi possível bascular a carroçaria, embora ainda de forma deficiente, pois há diversas peças internas que tocam na carroçaria.

Visto que o modelo tem semi-eixos, não foi preciso afinar o eixo dianteiro. Entretanto, o patilhão fica muito 'baixo', levantando a parte dianteira do modelo. Assim, a frente do carro fica muito acima da altura mínima permitida no regulamento, mas aqui não podemos fazer nada , pois o regulamento é claro e não permite alterações no suporte do patilhão.

Audi R10 a esquerda
Apesar de toda a dificuldade os tempos conseguidos nos testes foram excelentes, embora a relação não fosse mais adequada para nosso tipo de condução, foi preciso alguma adaptação, pois esta relação com este motor, o qual não tem muito apoio magnético, trava pouco. Com pouco travão e frente muito alta, não despistar e pilotar com o dedo a fundo, foi mesmo um desafio.

Os tempos baixaram em relação ao modelo dos testes realizados pelo SCXJornal na pista do SlotPortugal. Deixamos o cronómetro aos 6,4' como melhor tempo, e conseguimos rodar aos 6,8', 6,6' sem despistarmos. No dia da prova, cheguei algumas horas antes e rodei em diversas calhas, mas o máximo que conseguimos foi rodar aos 8,8' tendo 8,632' como melhor marca na calha (azul) 4, a mais rápida do circuito.

Resolvemos não utilizar o modelo na prova, pois o nosso carro de eleição estava a marcar 7,6' na mesma calha. Mesmo que tivéssemos utilizado o SCX, a marcar 8,2 durante toda a prova em todas as calhas, nos 15 minutos e sem despistar, conseguiríamos mais ou menos 20 voltas por calha, o que nos levaria ao 8º posto, e mesmo assim, teríamos que conduzir de forma perfeita.

Concluímos que os modelos SCX 'tradicional', podem até ser divertidos e fazer boas provas, mas apenas entre modelos SCX, pois actualmente há uma diversidade muito grande de fabricantes com modelos Racing, o que deixa pouca margem de manobra para os belos modelos SCX.
